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TEXTOS E VERSOS

AS TRÊS REGRAS DA VERDADE

1º - Todas as crenças partem de suposições, as quais podem ou não ser verdadeiras;

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2º - Quando uma suposição for imaginada possível, será tratada como provável. Uma suposição assimilada é geralmente aceita como verdade.

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3º - Quando houver motivos para uma hipótese ser considerada verdadeira, provavelmente o será, ainda que não o seja de fato.

 

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A percepção da realidade está relacionada ao estado de espírito em que o indivíduo se encontra, emocional e de saúde, contexto familiar, religioso, profissional, entre outros, afetando a forma como este percebe o mundo, ocasionando uma flutuação entre o ceticismo científico e a convicção empírica. A consciência, por ser um fluxo constante de percepções, hora voltada para simulações internas, hora voltada para percepções externas - ou ambas - flui de modo a processar as idéias em um determinado ritmo. Esse ritmo do pensamento flui conforme a quantidade de idéias que precisamos desenvolver em um dado período e circunstância. Uma mente ociosa processa idéias com mais calma e tranqüilidade, desde que vencida a inércia. Embora cada pessoa pense de uma maneira, todos possuem, em geral, um mesmo sistema de pensar. Este tema já foi largamente abordado por diversas autoridades do assunto no decorrer da história da psicologia, a citar por exemplo Jung e sua definição de inconsciente coletivo e demais estudos. As pessoas processam informações sintetizando-as com suas memórias e conhecimentos correspondentes, criando novos pensamentos e compondo idéias lógicas e abstratas, memorizando o resultado e aprendendo para depois as informações serem usadas como referência para outras decisões. É como se o cérebro usasse a aprendizagem como uma forma de poupar esforço e energia. Quando um indivíduo aprende, não precisa raciocinar sobre aquilo, pois o que ele precisa já está disponível em sua memória, na de alguém próximo a quem possa recorrer ou armazenada em instrumentos de pesquisa. O cérebro tende a encontrar caminhos alternativos para economizar energia. Isso significa que, para que não precise a todo o momento questionar suas informações e colocá-las sob auditoria permanente, adota critérios que filtram a informação e a envia a seus grupos de memória. Como o volume de informações com o qual lidamos no cotidiano é imensurável, o cérebro faz apenas uma triagem básica antes de direcioná-las.

Não há motivos para dizer que esses filtros são exclusivamente arquétipos ou conceitos compartilhados no ambiente social, pois o que se analisa aqui de fato são seus efeitos, e não necessariamente sua origem.

Ocorre que os filtros possuem uma semelhança muito grande entre os indivíduos, o que nos leva a presumir uma padronização, e conseqüentemente, regras que as resumem. Tudo no que acreditamos passa por pelo menos três filtros essenciais, obrigatoriamente, e são esses filtros que nos farão aceitar uma suposição como verdadeira ou não. Se a suposição não atender a todos os três critérios, não poderá ser aceita como verdadeira. Qualquer suposição que atender a esses critérios será tida como verdade, mesmo que não o seja em si.

 

1 - Todas as crenças partem de suposições, as quais podem ou não ser verdadeiras.

 

                   Tudo no que se crê provém da suposição de que aquilo é verdadeiro. Uma suposição é uma sugestão que pode ou não ser acolhida pelo indivíduo. Cientistas afirmam que a velocidade da luz é 299 792 458 m/s, e aceitamos que essa é uma informação verdadeira sem ter conduzido qualquer estudo para confirmar, por exemplo. Sabemos que há rigor científico nesse tipo de trabalho, e isso nos basta para confiarmos nos resultados apresentado. Supomos que enxergamos todos as mesmas cores, que sentimos os mesmos sabores, nossas crenças espirituais partem de suposições. Isso não significa que as suposições não são reais, mas que toda certeza é apenas uma informação, e muitas certezas que temos na verdade são suposições contestáveis.

 

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2 - Quando uma suposição for imaginada possível, será tratada como provável. Uma suposição assimilada é geralmente aceita como verdade.

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Tudo o que acontece em nosso universo psíquico é real dentro da nossa percepção, ainda que não o seja no exterior. O indivíduo pode ter certeza sobre sua situação financeira, sobre o laço sanguíneo que tem com seus familiares, sobre sua origem, sobre suas convicções políticas, crenças religiosas, etc. e no fim descobrir que suas certezas não estavam corretas. Tudo o que se imagina que pode acontecer em um sonho, acontece, porque foi imaginado. Por exemplo quando se assiste um filme de terror,  e depois que o filme acaba fica-se pensando na possibilidade  de haver um perigo similar na vida real.  Por mais que se tenha consciência de que a história é apenas um conto, imaginar como seria aquele perigo na vida real exige presumir que aquilo seria de alguma forma possível, levando o cérebro a construir uma imagem realista de algo fictício. Para se convencer e acreditar em uma suposição é preciso presumir que ela seja, em hipótese, verdadeira. Quando um indivíduo incrédulo passa a considerar algo como uma possibilidade, uma potencial verdade, automaticamente está entrando no campo da credulidade.

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3 - Quando houver motivos para uma hipótese ser considerada verdadeira, provavelmente o será, ainda que não o seja de fato.

 

Tudo aquilo em que há motivos para se acreditar, provavelmente será crido, mesmo que não seja de fato verdade. Isso se dá porque basicamente sempre encontramos um motivo para justificar nossas crenças, independente de qual seja. Nem sempre é possível apresentar um argumento lógico para elas, principalmente sobre assuntos abstratos ou passíveis de interpretação Por isso algumas pessoas se incomodam profundamente quando percebem que suas crenças estão sendo inquiridas ou contrariadas. Derrubar uma crença sem que a pessoa tenha algo em que se segurar não é nada saudável, pois ao abrir mão de suas convicções a pessoa estaria se expondo, e derrubar o equilibro  psicológico se torna um risco.

 

Construção da imagem

Essas são regras essenciais, e a construção de uma verdade está condicionada ao cumprimento de todas. Ainda que uma suposição não seja verdadeira, mas se encaixe nessas regras, será crida como verdade. Exemplificando, vamos supor que um artista iniciante esteja trabalhando numa estratégia de marketing e pretenda passar uma informação para seu público: a de que ele é um artista renomado e famoso. Neste caso ele está adotando uma estratégia mais agressiva e falaciosa no intuito de convencer seu público de que, por ser supostamente um grande artista, vale a pena adquirir seus discos. Conseguindo informar seu público potencial (inserindo uma suposição), precisa trabalhar a segunda e terceira regra conjuntamente, que é fazer o público imaginá-lo realmente como um potencial cantor renomado. Se o público, por um momento conseguir visualizá-lo dessa maneira, provavelmente já o terá como um de fato. O terceiro passo tem que ser feito em concomitância com o segundo, que é dar um motivo para que as pessoas o julguem como grande cantor. Dar motivos para que as pessoas acreditem na suposição de que é um bom artista significa que ele tem que ter requisitos que o justifiquem, como um bom conteúdo, qualidade artística e técnica, etc. Essa é a razão pela qual muitos artistas não conseguem permanecer no ápice, pois muitos, ainda que possuam uma boa produção e recursos de mídia, mas não tem uma música de qualidade ou requisitos comerciais, e acabam decaindo muito rapidamente, independente do quanto tenha investido em publicidade.  

Resumindo, tudo aquilo em que acreditamos passa pelos filtros da verdade, e sabendo entende-los, é possível fazer com que outras pessoas também creiam em alguma suposição, desde que não esteja em conflito com algum princípio pessoal.

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Robson L. F. Ribeiro

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